Estudar sim, mas onde? Em escola de idiomas, professor particular ou sozinho? No exterior ou no Brasil?
No artigo anterior [12. Vou falar inglês fluente - Por onde começar?] vimos que antes de começar a estudar inglês, ou qualquer outro idioma, é aconselhável primeiro estabelecer objetivos bem definidos. Em seguida, descobrir qual o seu nível de inglês para depois calcular em quanto tempo poderá, de forma realista alcançar o seu objetivo. Esqueça promessas de que poderá alcançara proficiencia ou fluencia em alguns mêses. Não perca o seu tempo nem o seu dinheiro. Ao traçar sua rota, será preciso escolher ‘como’ irá estudar. Será com um professor particular, em uma escola com um grupo de alunos ou sozinho? Fará um curso presencial ou remoto?
Há ainda a aprendizagem combinada (blended learning), também chamada de aprendizagem híbrida que combina atividade síncronas e assíncronas onde os participantes trabalham juntos ao mesmo tempo com as atividades síncronas e concluem as atividades assíncronas em seu próprio tempo.
Com tantas opções, alguns se sentem perdidos. Mas as escolhas serão feitas baseadas em sua situação atual, disponibilidade de tempo e recursos. No final, quem irá decidir é você mesmo, mas podemos analisar as possibilidades disponíveis e as vantagens e desvantagens de cada uma delas.
1) Curso em escola de
idiomas:
Vantagens: Há interação com o professor/tutor e
outros alunos. Os alunos cometerão erros durante as atividades de comunicação,
mas com maior interação e tempo para ‘speaking’ o feedback dos outros alunos e
do professor você irá melhorar a fluência e alcançar a proficiência. Você assume um
compromisso semanal consigo mesmo e com outras pessoas. Há possibilidade de
participar de atividades cinestésicas que envolvem movimento corporal como
jogos e a manipulação de material e trabalho em grupos. A escola já tem um cronograma
de assuntos, planejamento e há geralmente testes para verificar o
aproveitamento do curso. Boas escolas disponibilizam tutores para suporte e
tirar dúvidas além de uma biblioteca para empréstimo de livros. Há também grupos de
teatro e corais para praticar inglês fora da aula, workshops, festivais entre outras atividades. Se
você gosta de sentir que faz parte de um grupo, a escola de idiomas é o ideal.
Desvantagens: A atenção do professor será dividida com os outros alunos da turma. Haverá menos tempo para esclarecimento de dúvidas durante a aula. É preciso fazer as atividades de leitura e prática de exercícios dentro do tempo determinado pelo professor. A escola determina que material será usado e neste caso precisará comprar material da escola ou em livrarias. O cronograma da escola ou do livro utilizado terá tópicos variados e nem sempre de seu interesse. Há ainda a questão de deslocação até a escola e a o valor do curso que devem ser computados como custo em tempo e dinheiro. Ainda assim, a lista de vantagens aqui parece ser maior do que a de desvantagens.
2) Curso com professor particular:
Vantagens: A maior vantagem é ter a atenção do professor/tutor voltada somente
para você. Antes de começar o curso é possível combinarem se seguirão um livro
ou falarão sobre tópicos do seu interesse. Alguns professores utilizam material
de leitura da internet ou vídeos do Youtube, não sendo necessário seguir um
livro. Há a possibilidade de o professor adotar um livro e complementar com
outros materiais. Mesmo seguindo um livro ou cronograma, é possível
flexibilizá-lo, e poderá usar mais tempo desenvolvendo as competências e
habilidades que você precisa dar maior atenção. É possível também alterar as
aulas no caso de precisar treinar para uma apresentação em inglês para o
trabalho e depois retomar o cronograma. Tudo depende do que foi combinado e colocado em um contrato.
Desvantagens: O aluno que tem interesse em prestar exames
internacionais, precisa estar preparado para entender e falar sobre tópicos diversos.
Caso você e seu professor particular decidam juntos os tópicos que irão
discutir, leve isso em conta para não criar uma deficiência que causará
problema lá na frente. Você terá facilidade em falar sobre esportes, se é algo
que goste muito, mas não sobre dinheiro e economia, se é algo que geralmente
não te interessa. Como terá contato apenas com seu professor, é possível que se
acostume ao seu sotaque e pronúncia e acabe tendo dificuldade quando ouvir
outra pessoa falando inglês. Alguns alunos fazem curso com o professor
particular e em grupo em uma escola de idiomas.
3) Autodidata – O
aprendiz autônomo:
Vantagens: Você faz o curso no seu ritmo. Escolhe os assuntos que quer aprender e ouve
os vídeos e lê artigos sobre os tópicos que gosta. Não tem compromisso de
horário com outras pessoas e há um enorme grau de flexibilidade. Se você já tem
facilidade em fazer outras coisas sozinho ou sozinha, como ir à academia,
estudar um instrumento musical, procurar por tutoriais na internet para
cozinhar ou reparar algo que quebrou, isso já é um sinal de que talvez consiga
estudar sozinho ou sozinha. Vários alunos autodidatas aprenderam inglês assistindo séries de TV como Friends e quando decidiram entrar em uma escola de idiomas, já tinham alcançado nível B1 ou B2. Mas geralmente, eles tem facilidade em entender inglês, são fluentes e têm ótima pronúncia mas apresentam gaps (lacunas) de vocabulário e em estruturas gramaticais.
Desvantagens: Haverá necessidade de um bom planejamento,
organização e disciplina. Não haverá estímulos externos para te ajudar, contará
apenas com a sua motivação. Você também precisará decidir que material irá usar
e buscar respostas para suas dúvidas. Não terá com quem praticar os assuntos ou
tópicos que estudou. Mesmo usando grupos de redes sociais para conversar, não
vai dar para praticar uma estrutura gramatical ou um vocabulário específico. Os
assuntos serão soltos e desordenados. Isto pode criar lacunas de vocabulário e estruturas da língua, além da falta de controle sobre o registro da língua (formal, informal).
4) Outras possibilidades: Aprendizagem
combinada (blended learning)
Vantagens: Basicamente ele oferece as mesmas vantagens e desvantagens dos cursos
em escola de idiomas e o de estudar sozinho. Os cursos de forma remota usando
Skype, Zoom ou outras ferramentas possibilitam interação com professor/tutor
sem sair de casa. O aluno deve seguir um cronograma preparado pela escola. Muitas
escolas têm tutores disponíveis para tirar dúvidas com horário marcado ou
online.
Desvantagens: As desvantagens são as mesmas mencionadas acima,
em curso em escola de idiomas ou estudar sozinho de forma autodidata.
5) Estudar no exterior:
Vantagens: Terá contato com a
língua praticamente 24 horas por dia. Os colegas de classe falarão em inglês
com você durante a aula e fora da aula, pois a maioria vem de diversos países
estrangeiros e usam o inglês como língua franca. Após as aulas, ainda estará
exposto ao idioma no local onde morar (se escolher uma família nativa),
transportes, nas ruas, em todo o lugar, desde que evite contato com outros
brasileiros nativos que também estão estudando no mesmo local. Para valer a
pena o investimento o curso deveria ser no mínimo de um mês, não menos do que
isso. O ideal seria entre seis meses e um ano.
Desvantagens: O valor de investimento é bem maior do que um curso no Brasil. A maioria dos países só dão vistos com permissão de trabalho de meio período para estudantes a partir do segundo semestre. Então é necessário um bom planejamento financeiro, para não ter surpresas com oscilação do preço da moeda. Há questões de burocracia, visto e documentação, adaptação a uma nova cultura e uma nova vida. Se for adulto e fizer um curso de mais de seis meses, ficará fora do mercado de trabalho por um tempo. Alguns cursos, mesmo universitários não são reconhecidos no Brasil. Cursos de inglês no exterior podem dar um certificado, mas é aconselhável validar seu conhecimento com um exame internacional. Quase sempre haverá brasileiros na sua escola ou sala de aula e nem todos levam à sério a questão de falar 'inglês' o tempo todo, você vai ter força para dizer 'não'?
Reflexão:
Ao decidir e fazer tais escolhas, é preciso se conhecer bem. Muita gente
se empolga, faz planos muito bem elaborados, mas não o levam em frente.
Geralmente são pessoas que também não levam adiante outras resoluções como
iniciar uma dieta ou começar a fazer academia. Nem sempre é culpa nossa. Em
2020 a pandemia da Covid-19 obrigou muitos a mudarem seus planos. As vezes
temos tudo planejado, mas esquecemos de avisar nosso chefe, aquele mesmo que te
diz para fazer inglês, mas te pede para faltar ao curso para terminar um trabalho
urgente. Então entra em cena a questão da motivação e determinação.
Eu tenho um amigo que prefere frequentar uma academia mais em conta, mas ter um personal trainer. Ele diz que se for para fazer academia sozinho, ele não vai. Já tentou e sabe que para ele não funciona. Há pessoas que vão à academia diariamente e fazem exercícios sozinhos, outros preferem aulas em grupo. É bom se conhecer, aproveitar a empolgação inicial e manter este interesse para alcançar o objetivo final. Certamente valerá a pena.
Agora é contigo. Faça os cálculos do custo em dinheiro e tempo que irá disponibilizar. Compare o valor do curso e a carga horaria oferecida por pelo menos três escolas. Nem sempre o menor preço é o mais barato quando você compara o tempo de aula e o valor do material que precisará comprar. Em algumas escolas de idiomas, você tem que comprar o material oferecido pela escola e caso desista do curso, o valor do material não é reembolsado. Leia bem o contrato antes de assinar.
Pergunte a você mesmo: Prefere fazer cursos e outras coisas em grupo ou sozinho? Sente necessidade de feedback constante e de ser motivado? O que precisa aprender é específico ou está disposto a seguir um cronograma geral, desenhado por uma escola ou um professor especialista?
Conhece alguém que fala inglês fluentemente e tem nível proficiente da língua? Perguente a ele ou ela sobre como estudou, onde estudou, que estratégias usou. Peça opinião de mais de uma pessoa, analise as possibilidades. Mas não se compare com outros, cada pessoa é um ser diferente! Se você tem trinta anos de idade e perguntar a um adolescente de quinze ou uma pessoa com cinquenta, as respostas variam não só devido à idade, mas também os métodos que foram utilizados na época em que estudaram. Se tiver dúvidas, leia os artigos 10 e 11 nesse blog. Clique em assuntos e depois nos tópicos sugeridos.
Conclusão:
Faça a escolha de forma consciente. Logo depois, anote em seu caderno as vantagens e desvantagens da escolha que você fez. Um bom planejamento te ajudará a chegar ao seu destino no tempo determinado. Mas não seja rígido demais consigo mesmo. Se depois perceber que não está funcionando, poderá tentar outras opções. Mas lembre-se que isso poderá implicar em um ajuste no tempo em que levará para chegar ao destino final, ou seja, alcançar o objetivo traçado inicialmente. O que não é aconselhável é ficar experimentando um curso, um professor, um jeito aqui, outro ali e com isso ficar rodando de um lado para outro sem chegar a lugar algum! Se você tem esta tendencia, então é aconselhável fazer um teste de autoconhecimento e buscar ajuda de um ‘coach’ ou estrategista para te orientar, pelo menos no início.
Seria então o caso de fazer um teste de autoconhecimento? Muitos falam sobre estilos de aprendizagem ou ‘learning styles’. Será que existe mesmo esta história de que alguns aprendem melhor de um jeito outros de outro? E essa história de que há pessoas que usam o lado direito ou esquerdo do cérebro e aprendem melhor usando estratégias diferentes?
No próximo artigo vou discutir estas perguntas. Mas espero que as
sugestões acima te ajudem a refletir e a tomar sua decisão.
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