Precisei fazer um reforço com uma aluna adolescente. Fui lá, fora do meu horário, para ajudá-la e fiz com prazer, mas.....
Ela é boa aluna, participa, presta atenção, mas é do tipo que interrompe a aula umas quinze, não talvez dezesseis vezes para dizer: não entendi. Tudo bem. Ela tem o direito, mas há mais quinze alunos na sala. Se eu parar cada vez que ela solicita, os outros acabam se aborrecendo, ou se dispersando. È uma saia justa, embora eu só use calças.
“Wait a minute Darling. I’ll talk to you in a minute!” – Mas o problema, são as caras que ela faz. Ansiedade normal de adolescente. Tem de ser naquela hora? Bem, depois que eu passo as instruções sobre o que devem fazer, lá vou eu conversar com ela. Em bom português ela diz com o rosto todo contorcido: “Eu não entendi a diferença entre ‘would’ e ‘used to’ na frase.” Acabei de explicar! Penso eu, parece que todos entenderam, o jeito é explicar novamente. O que eu faço em seguida.
Enquanto isso, os outros terminaram. As meninas começam a falar sobre os garotos da escola onde estudam. Os garotos começam a trocar figurinhas. Tudo em português, é claro! Tenho que trazer a atenção dos outros alunos para o exercício e começar a correção. A garotinha faz outra careta. Parece que a segunda explicação não foi suficiente.
Faz uns três meses que estamos assim!
Hora do café, intervalo de aula e uma professora comenta:
“Tenho uma aluna que interrompe a aula o tempo todo e fica brava quando eu digo que vou conversar com ela no final da aula. Da vontade de dizer pra ela que se ela quiser atenção especial seria melhor procurar por um professor particular! Aqui ela faz aula em um grupo e todos merecem atenção igual!”
Pensando nisso, a verdade é que alguns alunos se dão melhor com professores particulares. Na área da música, desenho, línguas, educação física com um personal trainer. Mas é claro que o preço é outro. Outros preferem fazer aulas em grupo, gostam da interação, da variação e também porque é mais barato. Existem escolhas. Os alunos precisam saber qual o seu perfil e o que é melhor para ele. Só não podem esperar ser tratados como se fossem alunos particulares dentro de uma sala de aula. È como esperar tratamento de primeira classe em um voo de classe econômica, e depois ficar reclamando.
Ha! Para aqueles que ficam conversando enquanto o professor da explicação e depois querem que ele explique novamente.... aí, me desculpe.... o trem passou e ele ficou na estação. Não dá né!
Bem, fica a dica. Como professor, tenho a obrigação de ajudar e explicar novamente quando alguém não entende, mas, tudo dentro de um limite, dentro de uma rotina, sem demonstrar preferir um e preterir outro. Para alunos que estudam em grupo, sugiro anotar as dúvidas, pergunte ao colega do lado e se ele também não entendeu, então é sinal de que o professor não explicou direito. Hora de pedir explicação. Mas interromper a aula à cada cinco minutos..... talvez fosse melhor procurar um professor particular!
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